O Colectivo Acciones de Arte (CADA), grupo interdisciplinar de artistas chilenos, foi criado em 1979, impulsionado pela necessidade de se estabelecer uma reflexão crítica em torno do dilema Arte e Política, especialmente urgente por causa da conjuntura ditatorial que o país vivia. Portanto, o CADA concentrou-se na estruturação de intervenções populares que procuravam pôr em andamento uma nova proposta estética para, assim, reformular os circuitos artísticos existentes sob o regime ditatorial. O grupo apelou para a multiplicação dos canais de difusão e para a sua conversão em mídias para os discursos de arte.
Com o trabalho Para no morir de hambre en el arte, realizado em outubro de 1979, e tomando como metáfora o leite – signo do branco, da fome e da carência – deu-se início a uma obra progressiva que abarcou desde o registro em vídeo até as revistas de análise política, passando pelos corpos segregados dos habitantes mais desfavorecidos da cidade, e que culminou com os instrumentos da indústria – os caminhões distribuidores de leite – que, estacionados em frente ao Museo Nacional de Bellas Artes, indicaram, por algumas horas, que a arte chilena estava em crise.
O grupo CADA encerrou as suas intervenções populares no ano de 1983, com o rayado mural NO+ (mural riscado NUNCA+), o projeto mais ambicioso de ampliação dos espaços artísticos e o de maior eficácia social do grupo, que contou com o apoio de um consistente número de artistas de diversas disciplinas, que contribuíram para que fossem inseridas, na cidade e na mente dos habitantes inconformados com a ditadura, os pleitos pela democracia no país.
Com o NO+, que antecedeu o plebiscito chileno de 1988, concluiu-se um projeto popular em que a criatividade e o rigor se entrelaçam com a reivindicação por uma realidade social mais habitável, a partir de mecanismos artísticos arriscados, plurais e surpreendentes.
Finalmente, o grupo CADA dissolveu-se em 1985, logo após a realização do trabalho de imprensa-ação Viuda (Viúva).