El Museo Travesti surgiu na Universidade Nacional dentro de uma genealogia de danças rituais peruanas, sempre a partir do corpo: os corpos das Chicas Extraordinarias, quando elas se apresentavam dentro da universidade, e o corpo de Luis Gerardo Rosero, que em sua coreografia tece objetos e sujeitos de memória coletiva.
Diz-se que a Danza de Males surgiu no Peru pré-hispânico, de onde cruzou até Nariño, no sudeste colombiano. A peça de dança-teatro de Luis Gerardo Rosero, “Taitico Andino Danzarín”, sugere a construção de um mito sobre outro. Nas palavras finais, quando a peça fala sobre o poder e o pertencimento que a dança lhe confere, manifesta-se a passagem da mímese à cidadania, como estratégia política própria de nossas danças.
Com roupas femininas e masculinas muito coloridas, seu rosto másculo pintado, seus grandes olhos e lábios vermelhos, Rosero vociferava “Mi país es de maíz” ("Meu país é de milho"). Feito um personagem mítico de Mallamues, de Males ou de Imues, um ser intermediário entre Deus e os homens, “San Dieguito, San Isidro, San Pedro, un taita andino, curiraya-viracocha”. Um ser que promete a fecundação e fertilidade da terra. Seus movimentos são sutis, agudos, e de seus pés sai um padrão pentagrâmico de ritmos musicais compassados com o contato com a terra e a sonoridade de seus guizos de ouro; um orgulho e uma tradição dos antepassados, que vigiam o espaço: ¡El Taitico Andino Danzarín!
Luis Gerardo Rosero fez graduação em arte dramática na Escuela Distrital Superior de Teatro "Luis Enrique Osorio". Iniciou seus estudos de dança contemporânea com a professora Katy Chamorro na Universidad Nacional de Colombia; e ballet e dança moderna com o professor Edgar Sandino. Participou em oficinas de dança contemporânea, jazz e composição coreográfica no "The Perfoming Arts Training Center" em Nova York. Atualmente, realiza seu mestrado em dança contemporânea na Universidad Municipal A.S.A.B. Rosero estuda questões sobre cultura festiva popular e já criou coletivos e grupos coreográficos nos carnavais do mundo, além de eventos culturais artísticos, festivais de teatro e de dança em âmbito nacional e internacional. Sua premissa de ação parte da identidade indígena da qual provém, como elo de criação e articulação com outros contextos vanguardistas.
Chicas extra-ordinarias. Grupo de pesquisa-criação em torno das dinâmicas do Corpo e em diálogo com a cidade, formado a partir do Mestrado Interdisciplinar em Teatro e Artes Vivas da Universidade Nacional da Colômbia por artistas provenientes de diversas disciplinas artísticas.
Chicas-extra-ordinarias.blogspot.com
Integrantes: Liliana Martín, Alejandro Cárdenas, Lorena López, Eduardo Ruiz y Jaime Torres.
Giuseppe Campuzano é investigador e artista peruano. Desde o ano de 2003, leva o projeto "Museu Travesti", uma investagação sobre as realidades do travestismo, uma questão em cena de suas esteticas e uma confrontacao do seu conhecimento para com o oficial.