Por meio de máscaras e marionetes, música e dança, A saga de Canudos conta a estória da construção e da destruição da cidade de Canudos em uma das guerras civis mais mortíferas que o Brasil já viu. A performance recupera os aspectos políticos do movimento liderado por Antônio Conselheiro no século XIX. Assolados pela fome e pela opressão, milhares de sertanejos reuniram-se em torno dessa figura legendária. A terra, os rebanhos, as ferramentas, tudo era propriedade coletiva, as tarefas eram distribuídas de acordo com a capacidade de cada um e as decisões eram tomadas coletivamente, em encontros diários. O seu lema, porém — “A terra não tem dono. A terra pertence a todos” — foi considerado um desafio direto aos proprietários de terra, ao governo e à igreja. A historiografia oficial pintou Antônio Conselheiro como um fanático, mas esta peça o apresenta como um homem consciente do seu papel histórico, um homem que lutou contra a escravidão e contra o monopólio da terra, que desafiou a igreja e o governo e que liderou os camponeses a derrotar o Exército Nacional diversas vezes.