Esta encenação da obra As criadas, de Jean Genet, enfoca os relacionamentos de exploração e subserviência que geram as diferenças de classe entre duas criadas e a sua rica ama. A produção enfatiza o tema de um universo feminino subjugado a uma sociedade essencialmente machista ao ter os personagens femininos representados por homens. O cenário — cadeiras para a audiência, uma cama de casal, um armário e uma penteadeira com um espelho — é decorado com flores, cortinas de cetim, um altar para um santo que representa a ama e uma grande pintura de um falo. A encenação ocorre como uma cerimônia místico-erótica e toda a configuração da mobília é fálica. Nos jogos de representar papéis feitos pelas criadas, tornam-se óbvias as ambiguidades no seu relacionamento com a sua ama. Elas estão ligadas à sua imagem pela afeição, pelo erotismo e pelo ódio, ao tempo em que nutrem um profundo sentimento de desprezo uma pela outra, uma vez que elas enxergam na outra o que elas verdadeiramente são. O seu maior desejo não é eliminar a classe à qual a sua ama pertence, mas ocupar o seu lugar na sociedade.