Documentação em vídeo da performance de dança solo Giro Piece, de Eleonora Fabião, apresentada como parte do 3o Encuentro do Instituto Hemisférico de Performance e Política, realizado em julho de 2002 em Lima, Peru, sob o título Globalização, Migração e a Esfera Pública. Giro Piece é uma performance de dança, uma instalação, um grito reclamando atenção para o corpo, imerso nos dias atuais. Um toque de despertar para o corpo, conduzido e oprimido pela globalização. Fabião explica: a experiência de ser um cidadão do mundo na era da globalização produz em mim, dentre muitas vantagens e benefícios, um vertigo perturbador, uma certa tontura existential. Eu estou permanentemente vivendo uma tensão provocada pela expansão do meu corpo, por meio de sistemas de comunicação e transporte, e a dispersão do meu eu, ao perceber a vasta rede de mundos virtuais. Há uma força centrífuga expandindo o corpo rumo ao espaço e ao tempo e uma força centrípeta condensando o corpo e o espaço em um estado atemporal. Giro Piece é uma obra de arte performática que investiga estas questões, utilizando mapas (todos os tipos: mapas celestes, mapas do mundo, mapas do corpo humano, mapas de metrô),quatro televisores, saliva, um vestido, uma atriz performática e a presença e os movimentos dos espectadores. A artista e teórica da performance Eleonora Fabião enfoca bastante o relacionamento entre a audiência e a performer, utilizando um trabalho de ação colaborativa para quebrar o padrão da dicotomia entre o ativo e o passivo. O maior impulso da sua obra é voltada para uma exploração do corpo poético e das suas habilidades criativas, políticas e comunicativas.
Eleonora Fabião é uma atriz performática e uma teórica da performance. Durante os anos 90, ela atuou como membro de duas companhias de teatro experimental no Rio de Janeiro – a Ko Produções (dirigida por Ivana Leblon) e o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo (dirigido por Aderbal Freire-Filho). Em 1999, ela concebeu e interpretou o solo “Alice” – uma adaptação de “Alice no País das Maravilhas” e “Através do Espelho”, de Lewis Carroll, com a colaboração do músico Hermeto Pascoal e do escultor Waltércio Caldas. Desde o ano 2000, Fabião tem pesquisado e criado peças de arte performáticas. Ela já apresentou obras no Brasil, nos E.U.A., no México, no Peru, na França e na Alemanha. Ela tem um Mestrado em História Social da Cultura e está concluindo o seu PhD em Estudos da Performance na New York University, patrocinada pelo Capes. Desde 1997, Fabião tem trabalhado como Professora Assistente de Teoria da Atuação e Performance na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2004, ela tornou-se Professora Titular do curso de Direção Teatral da UFRJ, onde leciona cursos sobre os Estudos da Performance.