Diretorx mexicanx, atriz, dramaturgx, artista performáticx, cenógrafx, empreendedorx e ativista social, Jesusa Rodríguez movimenta-se aparentemente sem esforço e com vigor através da gama de modalidades, estilos e tons culturais. Seus espetáculos desafiam a classificação tradicional, cruzando facilmente as fronteiras genéricas: de elitista a popular, a de massa; da tragédia grega ao cabaré; do indígena pré-colombiano à ópera, do revue, sketch e 'carpa' a atos performáticos inseridos em projetos políticos. Humor, sátira, jogo linguístico e o corpo são constantes nas suas produções. A energia de Rodríguez é intensa e o seu compromisso é não negociável, sempre questionando a natureza, o local e as consequências do poder e da sua representação.
Nesta entrevista, x artista comenta sobre o seu particular uso e transformação do gênero 'pastorela' (peça sobre a Natividade) nas suas performances cabaré, como uma ferramenta para contestar o fundamentalismo político e religioso nas Américas. As pastorelas, usadas pela Igreja Católica como uma ferramenta de evangelização durante a Conquista, são geralmente baseadas numa distinção bem clara entre o Bem e o Mal, defendendo um pensamento binário que tem alimentado agendas políticas, culturais e religiosas no hemisfério americano. A proposta de Rodríguez de usar o gênero pastorela contra as instituições ideologicamente conservadoras que originariamente o introduziram e utilizaram, subversivamente mistura o humor com a religião para contestar as políticas maniqueístas atuantes na sociedade ocidental contemporânea. Performances como 'Conselho de amor' e 'Pastorela terrorista' são comentadas pelx artista como exemplos desta estratégia performática, que Rodríguez relaciona a uma preocupação mais ampla com o empoderamento cívico e a educação, questões de desobediência civil e participação popular.