http://english.aljazeera.net/focus/mexicointhecrossfire/
Como mapear e mensurar a seriedade hemisférica das recentes guerras às drogas, no México e além? Um projeto da iniciativa de sociedade civil “Nuestra Aparente Rendición” (NAR, Nossa Aparente Rendição), oferece um “Mapa latino-americano do nosso futuro”, uma reflexão continental sobre períodos de extrema violência em países de todo o hemisfério, muitos dos quais continuam a sofrer com a “espiral de insegurança e crueldade social na qual parecem definitiva e lamentavelmente imersos” 1. Esse mapa medonho cobre 18 países e registra experiências vividas durante as ditaduras do Cone Sul nos anos 70 e 80, as guerras centro-americanas dos anos 80, e a atual violência na fronteira entre o México e os EUA. “O passado deles é o nosso futuro”, diz a curadora Lolita Bosch, referindo-se ao México e à violência sem precedentes causada pela guerra do Presidente Calderón contras as narcos, desde o final de 2006. Bosch nos informa, com urgência, que a atual crise no México já custou mais vidas do que as ditaduras na Argentina e no Chile combinadas.
Rossana Reguillo, antropóloga renomada de Guadalajara, México, com quem nós tivemos o prazer de coeditar esta edição de e-misférica, nos informa que a própria palavra “narco” invoca um complexo terreno sociopolítico e cultural que excede, e em muito, a máquina-de-morte que produz vítimas diariamente e de maneiras cada vez mais espetaculares e brutais. Nos meses que antecederam essa publicação, nós aprendemos dela e com ela, assim como com o grande número de acadêmicos, artistas e ativistas que colaboraram para essa edição, que “narco” dá nome à desagregação do tecido social tal como o conhecemos: a ascensão do autoritarismo, a erosão da sociedade civil, a deterioração dos direitos humanos, a transformação de cidades e vilas em regiões fantasmas e teatros de operação, e o aumento (ou a volta) da “violência expressiva” — a violência letal que não tem nenhum fim prático a não ser a representação do seu próprio poder, que Reguillo analisa exaustivamente no seu artigo nesta edição. Hoje, o México é o cenário mais visível dessa narcomáquina: A guerra militarizada do Presidente Calderón contra os cartéis de droga resultou em pelo menos 47,515 mortos2; corpos decapitados e mutilados pendurados de pontes ao lado das infames “narcomantas” em Tamaulipas ou Monterrey; corpos despejados em massa numa estrada em Veracruz ou Guadalajara; cabeças decapitadas que chegam em sacos em Acapulco ou na Cidade do México3; migrantes centro-americanos encontrados em “narcofossas”; e notícias de sequestros, corrupção, e das diferentes frentes de batalha entre cartéis de drogas que aparecem diariamente na imprensa, cujos repórteres — assim como os fotógrafos e correspondentes das mídias sociais — são, eles próprios, alvos de execuções sumárias4. Ativistas de direitos humanos, entre eles figuras proeminentes na luta pelo fim do feminicídio em Ciudad Juarez, tampouco são poupados5.
No seu artigo de abertura, Rosana Reguillo chama essa articulação distópica entre forças e elementos de “narcomáquina”, e nos oferece um antiguia para essa máquina, uma cartilha que tenta decifrar sua lógica, linguagem e gramática social, identificando seus principais modos de abordagem. Como Paul Gootenberg já argumentou, o tema das drogas exige esse tipo de compromisso discursivo, além da análise estrutural, porque chamar qualquer substância de “ilícita” é um ato performativo do Estado. A “ilegalidade” de certos estimulantes e drogas-commodities (mas não outros: cigarro, álcool, Valium) é criada pelo discurso estatal, e os Estados precisam, portanto, “mistificar ativamente as drogas ilícitas para poder lutar contra elas” (31). O prefixo “narco”, assim, não dá nome a um mundo sombrio e ilícito de drogas, que contrasta com e transgride um mundo lícito de governança e estado de direito. Ao contrário, a narcomáquina engloba todos os processos que estabelecem e mantêm as fronteiras entre o lícito/ilícito, o legítimo/ilegítimo; ela engloba as relações entre o estado, o tráfico de substâncias ilícitas e as fronteiras (geográficas, ideológicas, sociais) criadas e perturbadas pela sua complexa articulação. A narcomáquina tanto destrói quanto produz mundos: como Gustavo Blázquez escreve nesta edição, “a máquina narcótica nos faz ver e nos faz falar. Ela contribui para a sedimentação e a fratura de discursos e de práticas; ela articula experiências, cria sujeitos e possibilita o agenciamento”. A narcomáquina produz paradoxos: as crescentes reinvindicações do Estado sobre o direito à autoridade excepcional parecem crescer inversamente proporcionais à sua capacidade de oferecer exatamente a proteção à vida humana e às liberdades básicas que seriam sua função garantir; quanto mais o Estado estende os braços da sua chamada “lei” sobre a sociedade civil, maior é sombra da impunidade sobre ele.
Frequentemente, os mapas criados pela mídia para ilustrar as frentes de batalha entre cartéis rivais (um gênero novo e crescente: a narcocartografia) sobrepõem as zonas de controle dos cartéis e as fronteiras estaduais do México, criando uma imagem visível para a presença espectral dos cartéis como para-estados. Alguns mapas inclusive permitem que o usuário ligue ou desligue as “fronteiras estaduais”, uma operação que conjura as conexões incertas entre nações, estados e para-estados: de repente a cidade de Guadalajara, por exemplo, não fica mais no Estado de Jalisco, mas no centro do “Cartel Sinaloa”; o que antes era Jalisco é agora uma colcha de retalhos de “Sinaloa”, “Zetas” e “Familia Michoacana”. Se fôssemos desligar as linhas, e não ligá-las de volta, que nação ou estado esse mapa representaria? Que lugar seria esse? (“Eu já não sei mais de onde escrevo”, confessa Isabel Vericat.) À medida que as linhas que delimitam a lógica do estado acendem e apagam, os cidadãos desses antigos estados têm menos convicção sobre onde e como ancorar reivindicações de segurança ou de justiça, de como assegurar os laços que outrora os ligavam aos significados sociais e políticos do lugar no qual eles vivem e ao qual pertencem. Os cidadãos se tornam, em uma palavra, menos cidadãos e mais sem-estado. Os cidadãos de ontem — desterritorializados sem saírem do lugar — se tornam mais semelhantes àqueles migrantes vulneráveis e sem estado cujas vidas são colocadas em risco pela narcomáquina. O passado dos migrantes é o nosso futuro, os mexicanos poderiam dizer.
Como muitos já apontaram, os mapas do tráfico de drogas produzidos nos Estados Unidos geralmente terminam na fronteira norte do México, raramente dando visibilidade ao contrabando, venda, consumo e criminalização da droga nos próprios EUA, apesar das provas evidentes de que esses elementos são os principais motores por trás da narcomáquina hemisférica (e de fato global). Gootenberg nota que “o tráfico é movido pela ‘demanda’ Norte Americana, mas o rastro da droga misteriosamente para na fronteira, onde a droga é aparentemente despejada, sem nunca ninguém notável ser implicado na economia política doméstica” (25). Se imaginássemos esse mapa, veríamos que o modelo relevante para a guerra de Calderón é não apenas a “guerra ao terror” do Presidente George Bush, mas também a Guerra às Drogas de Ronald Reagan6. A Guerra às Drogas de Reagan deu início à criminalização radical do uso e da venda de drogas nos Estados Unidos, à expansão radical do aparelho de repressão policial, e ao enfraquecimento das liberdades civis das pessoas suspeitas de envolvimento com drogas (desproporcionalmente homens negros e latinos), e tem justificado a intervenção militar direta dos EUA em campanhas antinarcótico em todo o continente ao sul. Essa guerra — que continua incólume na administração Obama — fez pouco para diminuir o tráfico de drogas, mas já colocou 30 milhões de pessoas atrás das grades desde 1982, a vasta maioria jovens de cor presos por pequenos delitos. Como Michelle Alexander bem argumenta, essa guerra tem sido uma guerra contra pessoas de cor: “Em alguns estados, 80 a 90 por cento de todos os infratores presos por droga são Afro-Estadunidenses, e quando são liberados, eles se veem conduzidos a um universo paralelo no qual foram destituídos de muitos dos direitos supostamente garantidos durante o Movimento dos Direitos Civis” (2010a)7. Que mapa poderia conectar os meninos rejeitados de Medellín, Córdoba ou Culiacán com os jovens homens encarcerados nas prisões dos Estados Unidos? Que mapa poderia ligar a erosão — evisceração — dos direitos civis nas comunidades negras dos EUA à erosão dos direitos, por exemplo, em Ciudad Juarez? O nosso passado é o futuro deles; o passado deles é o nosso futuro.
Coletivamente, os escritos e trabalhos aqui reunidos iluminam as complexidades desse frágil agenciamento “induzido pela droga”, analisando e registrando os sujeitos, subjetividades e códigos de ação incertos enredados na narcomáquina: usuários de drogas e narcomulas (Blazquéz), coiotes (Marroquín), meninos assassinos e pais adolescentes que sobreviveram às ruas (Alarcón); filhos que confessam os pecados dos seus pais (Osorno); jovens nascidos nos centros degradados das cidades atrás das grades (Buddle-Crow); a violência que pontua o dia a dia (Tercero). Todos esses textos são, para expandir o título de Cristian Alarcón, “visitas à máquina”. Eles se fazem ainda mais angustiantes pelo seu alcance continental, demonstrando de forma clara que o México não tem o monopólio sobre o narco. Vindos de Manitoba, Medellín ou Córdoba, e todos conectados à (de outro modo) invisível venda e consumo de drogas nos Estados Unidos, eles demonstram mais uma vez que a narcomáquina desafia geografias centradas no estado, ao mesmo tempo em que providenciam o contexto para que cada estado possa defender, de novo e de novo, a sua exclusividade sobre o uso legítimo da violência. A narcomáquina ameaça destruir o Estado ao mesmo tempo em que lhe alimenta com motivos para existir.
Esta edição de e-misférica foi talvez a mais difícil de ser produzida, uma vez que ela explora a poética e a política da narco-morte-enquanto-acontece. Ela não oferece respostas; não existem saídas fáceis dessa máquina. Muitos colaboradores refletem justamente sobre esse fato: a narcomáquina nos faz esquecer onde estamos, mas também abala as amarras analíticas que nos ajudam na recuperação. Alguns lançam novas âncoras críticas, propondo novos modos de análise: capitalismo gore (Valencia), narcopolítica (Garriott) ou gasto e sacrifício humano (Park e Gómez-Michel). Se é impossível enxergar com clareza estratégias de fuga mais amplas, muitos propõem táticas para ganhar terreno por enquanto, investigando os limites e oportunidades oferecidos pelo cinema, artes visuais, romances, música ou performance arte. Pedro Reyes transforma armas em pás, literalmente. Isabel Vericat grita na praça digital. Guillermo Gómez Peña escreve uma carta para os capos. Violeta Luna encena um réquiem. Outros arriscam intimidade com a violência da própria cena para capturar sua vívida imediaticidade: as crônicas de Alarcón e as fotografias de Brito — cartões postais, paisagens, fotografias que oferecem uma microcartografia da vida e da morte dentro da narcomáquina.
Traduzido por Marcos Steuernagel
Notas
1Mapa latinoamericano de nuestro futuro. http://nuestraaparenterendicion.com/index.php?option=com_k2&view=itemlist&layout=category&task=category&id=30&Itemid=10
2Esses são os números mais recentes fornecidos pelo governo mexicano. Outros acreditam que os números sejam consideravelmente maiores. Ver: “Contabiliza la PGR 47 mil 515 muertes por narcoviolencia durante el sexenio,” Proceso (11 enero 2012), http://www.proceso.com.mx/?p=294489; “Maquilla” gobierno de Calderón cifra de muertos por guerra antinarco: PRD,” (12 enero 2012) http://hemeroteca.proceso.com.mx/?p=294667; “Cinco años de guerra, 60 mil muertos,” (10 diciembre 2011) http://hemeroteca.proceso.com.mx/?page_id=278958&a51dc26366d99bb5fa29cea4747565fec=290766&rl=wh; “Mexico Updates Death Toll in Drug War to 47,515, but Critics Dispute the Data,” New York Times (January 12, 2012: A4.)
3“Mexico: Severed Heads Found in Capital.” New York Times, (October 4, 2011: A11). http://hemeroteca.proceso.com.mx/?p=292893
4Ver: “2 Mexican journalists found slain,” (1 September 2011) http://articles.latimes.com/2011/sep/01/world/la-fg-mexico-dead-20110902; “Mexican journalist, family slain,” (20 June 2011) http://articles.latimes.com/2011/jun/20/world/la-fg-mexico-journalist-killing-20110621; “Protestan en Juárez por asesinatos de 50 periodistas en el país este sexenio,” (30 September 2011) http://hemeroteca.proceso.com.mx/?p=282877
5“Desde el exilio Norma y Malú Andrade piden seguridad” (3 enero 2012) http://www.cimacnoticias.com.mx/site/11122001-Empezar-de-nuevo-d.48585.0.html; “Mexico violence claims another member of peace movement” (8 december 2011) http://latimesblogs.latimes.com/world_now/2011/12/second-mexican-peace-activist-killed-in-two-weeks.html; “Poet Susana Chavez's Death Sparks Outrage in Juarez,” (18 January 2012) http://www.alternet.org/newsandviews/article/441114/poet_susana_chavez's_death_sparks_outrage_in_juarez/#paragraph3
6Nos EUA as duas guerras se fundiram, mais recentemente no “Enhanced Border Security Act” (“Lei de Segurança Reforçada da Fronteira”, HR 3401) que autoriza “táticas de contrainsurgência” contra a “insurgência terrorista no México promovida pelas organizações criminosas transnacionais, e para outros fins”. A Lei define “insurgência terrorista” como “o uso prolongado de guerra irregular, incluindo demonstrações extremas de violência pública utilizadas por organizações criminosas transnacionais para influenciar a opinião pública e minar o controle do governo e o estado de direito...” Ver http://www.hcfa.house.gov/112/HR3401.pdf. Ver J. Jesús Esquivel, “Aprueba subcomité de EU aplicar tácticas de contrainsurgencia terrorista en México,” El proceso (15 diciembre 2011). http://hemeroteca.proceso.com.mx/?p=291407
7Ver também o livro de Alexander, The New Jim Crow: Mass Incarceration in the Age of Colorblindness (2010).
Obras citadas
Alexander, Michelle. 2010a. “Obama’s Drug War.” The Nation [27 de dezembro de 2010] http://www.thenation.com/article/156997/obamas-drug-war. Acessado 15 de janeiro de 2012.
_____. 2010b. The New Jim Crow: Mass Incarceration in the Age of Colorblindness. New York: New Press.
Gootenberg, Paul. 2009. "Talking about the Flow: Drugs, Borders, and Discourse of Drug Control.” Cultural Critique 71.
The Narco-Machine And The Work Of Violence: Notes Toward Its Decodification
Rossana Reguillo
Yuppies, Junkies, And Mules: Narcotic Sujectivities, Dialectic Images, And Contemporary Art In Córdoba (Argentina)
Gustavo Blázquez
ALl Roads Lead north: A reading of news on migration through the figure of the coyote
Amparo Marroquín Parducci
Noción de Gasto y Estética de precariedad en las Representaciones literarias del Narcotráfico
Jungwon Park and Gerardo Gómez-Michel
The Crónica Of The Narco And The Transa According To Cristian Alarcón
Gabriela Polit Dueñas
Capitalismo gore: narcomáquina y performance de género
Sayak Valencia Triana
An Aboriginal Youth Gang Narconomy
Kathleen Buddle
An Open Letter From A Post-National Artist To A Mexican Crime Cartel
Guillermo Gomez-Peña
The Narcopolitical Imaginary
William Garriott
Antes
Lolita Bosch
Martyrs
Santiago Rueda
Palas Por Pistolas
Pedro Reyes
Los Narcocorridos, Expresiones Culturales De La Violencia
Anajilda Mondaca Cota
Daily Life
Magali Tercero
Ética Para Arón
Rosa Ester Juárez
Narco And Cinema: The War Over The Public Debate In Mexico
Carlos A. Gutiérrez
Shouting In The Plaza
Isabel Vericat
The Writing Lesson
Juan de Dios Vázquez
The Narco In The La-La-Land Of Jabaz
Jabaz
The Son Of A Sinaloa Drug Lord In Search Of A Normal Life
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EL CARTEL DE SINALOA: UNA HISTORIA DEL USO POLITICO DEL NARCO do diego osorno
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