“Para um Caribenho, a palavra é, primeiro e antes
de tudo, som. O ruído é essencial para a fala.
O estrondo [din] é discurso. Crioulo organiza
a fala como uma explosão de som”1
Você não quer dizer rasanblé ou rasanbleman?
Não, ra-san-blaj em Kreyòl,
n. assembleia, compilação, alistamento, reagrupamento (de ideias, coisas, pessoas, espíritos. Por exemplo, fè yon rasanblaj, organizar um encontro, uma cerimónia, um protesto)
O CHAMADO
nascido dos Encontros
com a Rebelião
Emergido
De
conflitos epistêmicos
& pesadelos incorporados
conflitos incorporados
& pesadelos epistêmicos
Foi laçado em tempos
tempos brutais remanescentes
da colonização das Américas
e do escravismo plantation2
A T R A
S A D O
S U S P
E N D I D O
por
Constituições
Tratados
Novos Códigos Negros
Nos perdemos
no mal-estar de nossa civilização...
à deriva como espécies em catástrofe paralela?3
“Porque estes observadores não encontram
livros de gramática ou dicionários entre
os selvagens, porque eles não conseguiam
entender ou aplicar as regras gramaticais
que governavam estas línguas,
eles prontamente concluíram que tais
regras não existiam”4
“... O decreto de 3 de Janeiro de 1788
requereu homens de cor livres ‘ para tirar
permissão de trabalho em qualquer outro lugar que
não fossem os campos’... liberação significa assimilação”5
descartando apegos burgueses para contenção
Coisas começaram a desaparecer
se nossos corpos são nossa linguagem, então
somos portais de memória em forma de mudança
portadores professando engajamento afrouxado
em procissões através das encruzilhadas
onde os corpos desmembrados podem desdobrar
e reconstituir o novo tempo histórico, porque
os mortos não gostam de ser esquecidos
Do outro lado da água estávamos nós
nos afogando em um lixão de hashtags
o tempo passou, continua passando, tentamos
remendar fissuras especulando em
línguas desconhecidas, dançando em círculos
reconectando revolucionários da Terra
saudando os quatro pontos cardeais
confundido por uma reverência ao Ocidente
desfazendo a razão iluminada6
Confrontando fatos da Outreidade7
Freedom ≠ Liberty
53+1=54+1=55/Letra do Ano
performance = conectividade
arquivando assemblagens
requebrando o decolonial
batucando para conjurar ancestrais e convocar os espíritos
Escavar raízes indígenas
deslizar por velhos corredores
embaralhar geografias de império
re-mapear rotas cacofônicas de novomundo
inventar imaginários epistêmicos coletivos
mover para além da liberação somática
redesenhar cartografias de convergência,
dissidência excedendo diásporas pelo espaço/exterior
quebrar correntes metafísicas
Estamos no meio
de uma mudança transformadora...
pondo em dúvida o que significa ser humano?8
NOU
LA
NÓS
AQUI
Não precisamos de um verbo para validar nossa existência
Ou pa chwazi sa ou vle le wap fe on rasanblaj
ou ranmanse tout bagay.9 Catalizante. Você não pode ficar
escolhendo do lixo, deve recolher tudo. Palavra-chave.
On ne choisi pas entre le choses quand on fait un
rasanblaj, on ramasse tout. Método. No escogemos de
aquí y allá entre los desechos: debemos
ensamblar todo junto” . Pratique.
Não se escolhe
quando se faz rasanblaj,
se junta tudo.
Projeto.
COMENTÁRIO SOBRE A CAPA
É muito apropriado então que esta rasanblaj virtual caribenha,
com a primeira capa animada de e-misférica,
apresente a homenagem de Jeannette Ehlers à Revolução Haitiana.
O céu encontra o mar.
Jovens Negros tornam-se Balas Negras
Se você prestar bastante atenção, você irá vê-los
separar multiplicar flutuar
desafiando a lógica da gravidade
então submergem
anba dlo
entrando nesta neocitadela de
futuros desconhecidos.
Tradução de Sérgio Andrade
Notes
1 Eduard Glissant. 1989. Caribbean Discourse: Selected Essays. Translated by J. Michael Dash. Charlottesville: University of Virginia Press, 123-124.
2 Rinado Wolcott. 2015. “Genres of Human: Multiculturalism, Cosmo-Politics, and the Caribbean Basin.” In Sylvia Wynter on Being Human as Praxis. Katherine McKittrick, ed. Durham: Duke University Press, 188.
3 Suzanne Césaire. 2009 [1942]. The Great Camouflage: Writings of Dissent (1941-1945), ed. Daniel Maximin. Trans. Keith L. Walker. Middletown: Wesleyan University Press; Sylvia Wynter and Katherine McKittrick. 2015. Sylvia Wynter on Being Human as Praxis. Ed. Katherine McKittrick. Durham: Duke University Press.
4 Rolph Trouillot. 1995. Silencing the Past: Power and the Production of History. Boston: Beacon Press, 7.
5 Césaire, ibid., 31.
6 Gina Athena Ulysse. 2016. “It All Started with a Black Woman: Writing and Performing Rage.” In Are All the Women Still White? Rethinking Race, Expanding Feminisms. Ed. Janell Hobson. (Forthcoming, May 2016)
7 Frantz Fanon. 1991 [1967]. Black Skins White Masks. Trans. Charles Lam Markmann. New York: Grove Press.
8 Demetrius Eudell. 2015. “‘Come on Kid, Let’s Go Get the Thing’: The Sociogenic Principle and the Being of Being Black/Human.” In Sylvia Wynter on Being Human as Praxis. Ed. Katherine McKittrick. Durham: Duke University Press, 243.
9 Madame Jacqueline Epingle, personal conversation, December 2014.
Resista ao impulso de traduzir, comece por pronunciar. Pense conscientemente no som...
Ontologias Atlânticas: Sobre Violência e Ser Humano
Professing Slackness: Language, Authority, and Power Within the Academy and Without
Puerto Rican Rasanblaj: Freddie Mercado's Gender Disruption
From Bush to Stage: The Shifting Performance Geography of Haitian Rara and Cuban Gagá
No tenemos recetas para los alimentos del futuro
Moments of Redemption: Decolonization as Reconstitution of the Body of Katari
Groundings on Rasanblaj with M. Jacqui Alexander
El ciervo encantado. Performance, espacio y lo político en el ciervo encantado
Spectres of l'Ouverture. A Ghost Is Haunting Your Museum: The Ghost of Black Copenhagen
Blesi Doub. Heridas Dobles. Dual Wounds.
a despot walks into the killing field
Into the Invisible: A Conversation-Performance Rasanblaj with Josefina Baez
Transnationalism and Manuel Ramos Otero's "Traveling Theater" of Return
Fe Yon Rasanblaj: A Body Portal Fantasy Book
Enacting Dissent: Toward a Cartography of Dissenting Performatics in the Greater Caribbean
Remaking Fractal Engagement: 6 Perspectives
little sister: A Black Speculative Solo-Performance
The Laboratory of Speculative Ethnology: Suits of Inquiry
Dedouble and Jeanguy Saintus' Corporeal Gifts
Caribfunk: A Mélange of Caribbean Expressions in a New Dance Technique
Assemblage, Rasanblaj: The Making of Sable International
El Ciervo Encantado: An Altar in the Mangroves
Jeannette Ehlers: Timely Revenants
Blesi Doub. Heridas Dobles. Dual Wounds.
Omens of Adversity: Tragedy, Time, Memory, Justice by David Scott
Tropic Tendencies: Rhetoric, Popular Culture, and the Anglophone Caribbean by Kevin Adonis Browne
Pordioseros del Caribe por Johan Majail
In Visible Movement: Nuyorican Poetry from the Sixties to Slam by Urayoán Noel
Vodou et théâtre: Pour un théâtre populaire par Franck Fouché
Skin Acts: Race, Psychoanalysis, and the Black Male Performer by Michelle Ann Stephens
Island Bodies: Transgressive Sexualities in the Caribbean Imagination by Rosamond S. King
Citizenship from Below: Erotic Agency and Caribbean Freedom by Mimi Sheller
Teatro militante. Radicalización artística y política en los años 70 por Lorena Verzero
Performing Archives/Archives of Performance edited by Gundhild Borggreen and Rune Gade
Un haití dominicano. Tatuajes, fantasmas y narrativas bilaterales por Alanna Lockward
Gender and Violence in Haiti: Women's Path from Victims to Agents by Benedetta Faedi Duramy
Blacks in Blackface: A Sourcebook on Early Black Musical Shows by Henry T. Sampson
Radical Moves: Caribbean Migrants and the Politics of Race in the Jazz Age by Lara Putnam
Racial Experiments in Cuban Literature and Ethnography by Emily A. Maguire
Islands of Empire: Pop Culture and U.S. Power by Camilla Fojas
Gatherings: María Magdelena Campos-Pons and the Art of Recovery
La cautiva written by Luis Alberto León and directed by Chela de Ferrari