• Título: Activities of FOMMA: Strength of the Mayan Woman, Inc.
  • Alternate Title: Artist Statement
  • Autor: Isabel Juárez Espinosa
  • Data da performance: 15 September 2007
  • Idioma: inglês, espanhol, português
  • Tipo/Formato: palestra, ensaio
  • Lugar de publicação: New York, NY

Atividades do FOMMA: Fortaleza de la Mujer Maya A.C.

Durante o período que eu passei, numa certa ocasião, em comunidades rurais, ensinando jovens mulheres sobre os usos e os modos de se preparar a soja, que eles então distribuiriam entre refugiados guatemaltecos e mexicanos, eu colecionei contos, lendas e estórias contadas pelos idosos. No processo, eu tomei consciência das carências e dos problemas que os homens, as mulheres e as suas famílias enfrentam quando, por diversas razões, precisam abandonar as suas comunidades e migrar para as cidades. Aqui, problemas mais graves os esperam, inclusive a falta de abrigo e de emprego. Um desafio ainda maior está nas diferenças idiomáticas, uma vez que eles não entendem nem falam o espanhol muito bem; eles também carecem de conhecimentos relativos às questões trabalhistas urbanas.

Como consequência destes problemas, mulheres, homens, jovens e crianças vão trabalhar como empregados domésticos; nos mercados públicos, eles trabalham como ajudantes ou oferecem-se para carregar os pertences das consumidoras, em troca de uma gorjeta. As mulheres lavam e passam as roupas de outras pessoas, enquanto os homens encontram trabalho como operários na construção ou pedreiros; a miséria que eles ganham é insuficiente até mesmo para se alugar um quartinho.

Contudo, as mulheres não podem levar os seus filhos com elas para os seus locais de emprego, porque os seus patrões reclamam que, com isso, elas estão cometendo uma falta. Em resposta a esta situação, nós decidimos criar a organização conhecida como FOMMA: Fortaleza de la Mujer Maya A.C. A nossa missão é orientar, treinar e fortalecer mulheres, jovens e crianças, através de uma diversidade de oficinas, nas quais ensinamos como fazer roupas, noções de computação, alfabetização nos idiomas maia e espanhol, desenho, arte, reciclagem, dança folclórica, confecção de pães e preparação de comidas, geleias e doces tradicionais urbanos.

A principal missão da nossa organização está voltada para o nosso teatro, que ajuda mulheres, jovens e crianças a libertar-se das situações emocionais e dos diversos problemas que os assolam diariamente ao enfrentar a sociedade. Por desespero, muitas dessas famílias apelam para o álcool, as drogas e a violência doméstica; eles também começam a tirar vantagem dos seus filhos, mandando-os para as ruas urbanas para vender mercadorias; eles não frequentam a escola e vivenciam uma existência triste e empobrecida; malnutridos e imundos, eles são maltratados pelos que ocupam um status social superior.

Todos esses problemas são retratados através do teatro que nós apresentamos em comunidades indígenas, na cidade, em escolas e em universidades. Nós fazemos isso para entreter o nosso público, para fazê-lo rir um pouco; para transmitir uma mensagem; e, acima de tudo, para gerar nele uma consciência dos problemas atuais encontrados no nosso ambiente social.

No nosso centro e nas escolas, fazemos palestras sobre saúde para jovens e adultos. Para ganhar a confiança dos grupos, nós começamos com a expressão corporal; perguntamos se eles estão familiarizados com as partes dos seus corpos e os seus nomes; muitos deles estão familiarizados com os nomes que os seus pais ou avós lhes transmitiram. Nós também conversamos com eles sobre como os seus direitos devem ser respeitados e sobre como adquirir a auto-estima; nós lhes ensinamos como defender os seus direitos perante a sociedade.

A mortalidade materna é uma das situações alarmantes enfrentadas pelas mulheres nas comunidades indígenas; as causas são o estupro, o sexo forçado e espancamentos por parte dos seus maridos e a sua impossibilidade de ter acesso a clínicas de saúde e controle de natalidade. Através do teatro, nós abordamos esse tema também, de um modo que não gera desconforto para o nosso público.

O FOMMA pode oferecer essas atividades em comunidades indígenas e na cidade graças aos seus colaboradores; graças aos nossos patrocinadores, nós estamos também construindo mais escritórios e o nosso próprio espaço teatral, que será usado para diversas atividades, como discussões em formato de mesa redonda, encontros culturais e artísticos e, principalmente, para as peças que a nossa organização encena. Esse espaço incluirá um café e uma sala de internet.

No momento, temos:
12 mulheres fazendo o nosso curso de confecção de roupas;
16 jovens envolvidos em diversas atividades;
14 mulheres frequentando a nossa oficina de alfabetização;
8 adultos e crianças aprendendo como utilizar o computador; e
5 atrizes.

Devido à construção em andamento do nosso espaço teatral, nós suspendemos outras oficinas no FOMMA até a conclusão da obra; eventualmente reativaremos os nossos cursos de confecção de máscaras e edição de vídeo, e também o nosso arquivo fotográfico.

Esses cursos dependem também dos nossos colaboradores institucionais, que decidirão se vão ou não oferecer-nos financiamento adicional. As suas doações serão destinadas à compra de equipamentos e materiais necessários e cobrirão os salários dos instrutores. Este é o nosso sonho e esperamos obter o seu apoio para tornar esses projetos realidade.

Se você algum dia visitar a região de Chiapas, nós lhe convidamos cordialmente a vir até San Cristóbal e observar o trabalho da nossa organização. Eu sou uma das dramaturgas da Fortaleza de la Mujer Maya; eu também escrevo poesias e contos cujos temas enfocam os problemas que as nossas comunidades enfrentam, inclusive vendedores ambulantes, comerciantes e camelôs, dentre outros. Uma das minhas peças foi publicada no volume III de Words of the True Peoples/Palabras de los Seres Verdaderos, uma antologia contemporânea de Carlos Montemayor e Donald Frischmann. A minha peça nesse volume lida com o tema da migração das comunidades indígenas para as cidades e o modo como algumas pessoas enganam famílias inteiras, que vendem tudo o que possuem para mudar-se para as cidades, achando que isso lhes garantirá uma qualidade de vida melhor do que aquela que levam em suas comunidades.

Eu ofereço a minha gratidão a esses grandes pesquisadores e escritores que me têm honrado ao incluir-me nessa antologia.

Muito obrigada.

Isabel Juárez Espinosa

(Tradução para o português: Tissiana Oliva)

[Apresentado no dia 15 de setembro de 2007, no National Museum of the American Indian, na cidade de Nova Iorque.]


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