Julie Tolentino e seu elenco exploram a política corporal do movimento em O projeto do fundo / The Bottom Project (2000). Tolentino usa o corpo coletivo em movimento como um ato de resistência contra o pano de fundo da pandemia da AIDS. Os performers abordam o significado da palavra ‘fundo’ como um espaço precário através de uma narrativa não linear que abrange movimento, elementos visuais e som. Conforme evidenciado na performance, o fundo é um espaço metafórico de exploração, um espaço de transformação radical e um espaço livre de hierarquias sociais. Além disso, Tolentino emprega uma lente mestiça queer ao trabalhar com um grupo de corpos diversos no palco. Ela baseia-se na sua experiência de trabalho ativista no ACTUP New York e gerenciando o espaço sexo-positivo Clit Club para criar uma abordagem coreográfica radical para o movimento. A abordagem de Tolentino pode ser vista como uma intervenção de movimento que reivindica um novo conjunto de políticas corporais no cenário da performance na época. Os performers coletivamente encorporam essas políticas através de uma configuração fluida de raça, gênero e sexualidade. Juntos, Tolentino e seu elenco criam um espaço para construir uma coligação entre comunidades, ao tempo em que oferecem uma fundação para vislumbrar novos imaginários políticos para modos de ser queer no mundo.
Julie Tolentino é uma artista performática, dançarina/coreógrafa e artista visual. A sua arte explora as interseções das subculturas sexuais queer, práticas de cura orientais e o ativismo cultural relacionado ao HIV/AIDS. Os trabalhos solo e colaborativos de Tolentino já foram apresentados na Invisible Exports, The Kitchen, New Museum, Participant Inc., Performa, San Francisco Art Institute, Yerba Buena Center for the Arts, Commonwealth & Council, The Broad, Los Angeles Contemporary Exhibitions, Museum of Contemporary Art, Los Angles, e Wexner Center, dentre outros locais. Ela já trabalhou em projetos com Ron Athey, Candidate, Robert Crouch, Stosh Fila, Gran Fury, Diamanda Galás, Gerard & Kelly, Stanley Love, Lovett/Codagnone, Catherine Opie, David Rousseve, Madonna, Mark So e Meg Stuart. Tolentino foi membro fundador do House of Color Video Collective, do ACT UP New York, e do legendário Clit Club – uma boate lésbica na cidade de Nova Iorque que promoveu o sexo seguro e serviu como um local intergeracional, multirracial e de diversas classes sociais para mulheres. Ela foi coautora do Manual do sexo mais seguro para mulheres do Lesbian AIDS Project, coeditora da seção ‘Provocations’ da TDR: The Drama Review e editora de Protejam suas filhas: Clit Club 1990-2002 / Guard Your Daughters: Clit Club 1990-2002. Tolentino reside entre a cidade de Nova Iorque e Joshua Tree, onde ela criou uma residência vida/trabalho movida a energia solar chamada FERAL House and Studio. www.julietolentino.com